quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Como Fazer a Avaliação Diagnóstica? (SOS Professor)

Início do ano, turma nova, enfim, como começar o trabalho com os estudantes?
Nem pense em iniciar o trabalho pedagógico partindo da premissa do que você ACHA que os alunos já sabem. É preciso investigar, avaliar, levantar o que de fato a turma já sabe e o que ainda ela não sabe.
O instrumento para fazer isso é realizar a Avaliação Diagnóstica, que tem o objetivo de verificar a presença e a ausência dos pré-requisitos de aprendizagem adquirido, ou não, na série anterior.
Não há modelo de Avaliação Diagnóstica, cada Professor, conforme sua disciplina e os pré-requisitos que precisam ser trazidos da série anterior, é quem elabora atividades que levantem o que o estudante sabe e o que ele ainda não aprendeu.

1) Quando e por quê realizar a Avaliação Diagnóstica?
- Realizada no início do curso, período letivo ou unidade de ensino;
- Tem a intenção de constatar se os estudantes apresentam ou não domínio dos pré-requisitos necessários (Conhecimentos e Habilidades) para novas aprendizagens, caracterização de eventuais problemas de aprendizagem e suas possíveis causas (Cognitivo);
- Função: Diagnosticar;
- Serve para identificar alunos apáticos, distraídos, desmotivados (Comportamento).

De posse dos resultados da avaliação diagnóstica será possível o Professor ajudar os estudantes das seguintes formas.
-Estimular o relacionamento entre os estudantes, através de jogos e atividades dinâmicas;
- Criar intervenções pedagógicas específicas que auxiliem o aluno a superar dificuldades;
- Criar rotinas que reforcem o comportamento positivo dos estudantes;
- Realizar mudanças no ambiente da sala de aula que favoreça o aprendizado;
- Adotar novas práticas de ensino que estimulem a participação da turma.

2) O que Avaliar? Levantar Pré-Requisitos da Série Anterior
Muitos Professores sempre enviam e-mail solicitando modelos prontos de Avaliação Diagnóstica. Creio que isso deve-se ao fato de que, para o Professor, não há clareza do que ele deve levantar neste tipo de avaliação.
Quando você conhece o que deve diagnosticar, basta você criar atividades pertinentes a sua disciplina, e isso é algo que você já está acostumado a fazer quando elabora as tarefas, as provas, as dinâmicas, os textos, os vídeos, enfim, quando você elabora a sua aula.
Você precisa ter claro que deve verificar os objetivos e metas a serem atingidos na série atual, e levantar quais são os pré-requisitos que o aluno já deve ter adquirido na série anterior.
Por motivos óbvios, não é possível fazer neste artigo, um detalhamento de todos os pré-requisitos para todas as disciplinas e séries, porém a título de ilustração, tomarei como exemplo um aluno que ingressa no 6º Ano, e que o Professor de Matemática precisa levantar se este aluno traz os pré-requisitos necessários para cursar o 6º Ano e atingir os objetivos estabelecidos para esta série.
- Situação: O Estudante está matriculado no 6º Ano (Verificar quais são os objetivos desta série no que refere-se à Matemática).
- Levantar quais são os pré-requisitos que esse aluno deve ter, em Matemática, ao chegar no 6º Ano.
- Exemplos de pré-requisitos que o estudante já deve trazer do 5º Ano em Matemática:

Operações Fundamentais
- Adição, subtração, multiplicação e divisão.
- Algoritmos das operações fundamentais.
- Utilização das operações fundamentais como ferramenta para a resolução de problematizações.
- Cálculo mental.

Frações
- Conceito e representações.
- Leitura e escrita.
- Comparação de frações.
- Frações discretas e contínuas.
- Cálculo de fração de quantidade.
- Frações equivalentes.
- Simplificação.
- Operações com frações.
- Resolução de problemas envolvendo frações.

Porcentagem e Gráficos
- Conceito de porcentagem a partir das frações decimais.
- Cálculo de porcentagem através de frações equivalentes.
- Resolução de problemas envolvendo cálculos de porcentagem.
- Desenvolvimento de procedimentos e estratégias para coleta de dados e informações em pesquisa de diversas naturezas.
- Construção de procedimentos de apresentação de dados coletados.
- Construção, leitura e interpretação de diferentes tipos de representações gráficas (Barra - Linha - Setores).

Geometria: Medidas, Formas e Construções Geométricas
- Conceitos: Ponto, Linha, Superfície, Vértice, Aresta, Ângulo.
- Linguagem geométrica.
- Polígonos.
- Triângulos e quadrilátero.
- Propriedades dos triângulos.
- Conceitos: Escalas e simetria.
- Construções geométricas com o auxílio do compasso e do transferidos.
- Ampliação e redução de figuras.
- Sólidos geométricos.

3) Como Avaliar? Instrumento de Avaliação
Existem diversos recursos e práticas de ensino disponíveis que podem ser utilizados no momento da Avaliação Diagnóstica. Idealmente, selecione mais de um dos instrumentos abaixo:
- Pré-teste;
- Auto-avaliação;
- Observação;
- Relatório;
- Prova;
- Questionário;
- Acompanhamento Personalizado;
- Discussão em grupo;
- Estudos de caso (Análise de estudos de casos com o objetivo de identificar como o aluno responde à avaliação);
- Fichas de Avaliação de problemas (Trabalhar com modelos de fichas de avaliação), etc.

A utilização dos instrumentos deve ser adequado ao contexto em que o professor se encontra. Por exemplo, aulas com muitos alunos inviabilizam a avaliação por observação ou acompanhamento, enquanto que disciplinas práticas possibilitam esses instrumentos de avaliação.
Não se surpreenda se, ao analisar os resultados levantados na Avaliação Diagnóstica você tenha de fazer ajustes no Planejamento. Afinal, quando o Planejamento é criado, o aluno ainda não foi avaliado, e, portanto, o Planejamento é elaborado com base em um estudante "ideal", e, portanto, é um Planejamento longe da realidade dos alunos, pois o Professor o elabora baseado em suposições e não em dados reais.
O fato é que, quando as aulas começam a situação mostra-se outra: alunos com defasagens de aprendizado, com dificuldades em determinados conteúdos, e sem os pré-requisitos necessários para cursar aquela série.
E antes que você reclame que realizar a Avaliação Diagnóstica é uma "perda" de tempo porque você tem que "dar conta" do Planejamento até o final do ano, já lhe aviso: o objetivo maior que você deve cumprir é criar todas as condições para que todos os alunos adquiram as competências necessários de aprendizado e não apenas para cumprir o Planejamento.
Por isso mãos à obra: Comece o Planejamento pela Avaliação Diagnóstica. Já diz o ditado "Se você falha em não planejar, você com certeza, já planeja falhar".

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Avaliação Diagnóstica, Formativa e Somativa (SOS Professor)

O ano letivo começou, e então você já deve estar pensando, "começa tudo de novo e terei os mesmos problemas que tive no ano anterior". Bem, se essa é a sua atual visão das coisas, queremos lembrar que a definição de loucura é "fazer tudo do mesmo jeito e esperar que o resultado saía diferente". Assim sendo, se você fizer exatamente o que fez no ano passado, certamente colherá os mesmo resultados ao longo deste novo ano.
Ocorreram problemas de indisciplina? Baixo aprendizado? Se a resposta foi SIM para uma das perguntas ou para ambas então você precisa repensar a sua prática atual! E a melhor maneira de fazer isso é perguntar-se: "Como os meus alunos estão chegando? Quem são eles? O que eles já sabem? O que precisam aprender? Como eles poderão aprender melhor?".
Lembre-se que o Planejamento não é sobre você ou suas necessidades. Quem dita o que e o como, são os estudantes. São as necessidades DELES que precisam ser atendidas. Para isso é preciso investigar e encontrar as respostas para as perguntas que foram feitas anteriormente (Lembrem-se das Aulas de Formação para Cidadania: Diagnóstico e Construção).
A ferramenta que você usará para responder à essas perguntas é realizando a Avaliação Diagnóstica. Não importa a matéria que você leciona ou o grau de ensino. Quer seja no Infantil, Fundamental I e II, Médio, Técnico ou EJA, a Avaliação Diagnóstica presta-se ao mesmo objetivo: Diagnosticar, Verificar e Levantar os pontos a melhorar e fortes dos estudantes em determinada área de conhecimento.
É importante frisar que, infelizmente, muitos Professores utilizam apenas prova escrita para a realização desta avaliação. Quando na verdade existem mil e uma maneiras de realizar este levantamento de forma que os resultados sejam mais verdadeiras que aqueles levantados em uma mera prova escrita.
Esta avaliação não se restringe apenas ao início do ano letivo, porém deve ser usada ao longo do processo de aprendizado, para isso lance mão de dinâmicas, jogos, debates, apresentações, vídeos, produções musicais, construção de maquetes, resolução de problemas, brincadeiras, criação de blogs, fórum, etc..
Quando utilizada no início do ano letivo a Avaliação Diagnóstica fornece dados para que o Planejamento seja ajustado e contemple intervenções para retomada de conteúdos ou realização de encaminhamentos para reforço escolar, e até mesmo para Especialistas (Psicólogo, Fonoaudiólogo, Psicopedagogo), e quando feita ao longo do ano possibilita que tanto o aluno quanto o Professor possam refletir sobre a utilização de novas estratégias de aprendizado.
Jamais os dados da avaliação devem ser usados para classificar ou rotular o estudante em "aluno bom" ou "aluno ruim". O Professor deve ter em mente que a avaliação oferece um momento de aprendizado para ambos, professor e estudante. Enquanto Professor é possível verificar quais estratégias estão ou não funcionando, além de ser possível constatar quais hipóteses os alunos estão levantando na internalização e construção de determinado conceito.
Já para o aluno, com o devido feedback do professor, torna possível a compreensão e mensuração do conhecimento adquirido e quais hipóteses são verdadeiras ou falsas, para que o aluno possa descartar as falsas hipóteses e fique focado naquelas que o levarão ao aprendizado do conceito estudado. O feedback do professor lança a luz, clareando os chamados "pontos cegos" em que o estudante se encontra tornando possível, assim, o avanço para a etapa seguinte do processo.
Nesta etapa a Avaliação inicialmente Diagnóstica, evolui para uma Avaliação Formativa, onde o processo de descoberta que induz a novas elaborações de aprendizado, sempre mediadas pelo professor, é o que de fato importa e conta.
A Avaliação Formativa é o tipo de Avaliação que deveria prevalecer dentro das Escolas, por ser mais justo e atender de fato às necessidade dos estudantes. Infelizmente, o que vemos é o uso da Avaliação Somativa, cujo único objetivo é meramente alcançar determinada nota "passar" de ano, os estudantes são rotulados pelas notas que alcançam e não são auxiliados onde de fato precisam de ajuda.
Por isso, antes de chegar "ditando" o que você irá ensinar, comece em "perguntando" o que os estudantes já sabem para levantar o que eles de fato "precisam" aprender.

Bibliografia Sugerida:
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da Pré-escola à Universidade. Porto Alegre-RS. Educação e Realidade. 1993.
LUCKESI, Cipriano. Verificação ou Avaliação: O que prática a escola? A construção do projeto de ensino e avaliação, nº 8, São Paulo. FDE. 1990.
WERNECK, Hamilton. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. Vozes. Petrópolis. 1994.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Volta às Aulas - Integração dos Estudantes (SOS Professor)

O ano letivo já começou em algumas escolas. O fato é que o mês de Fevereiro é focado em dois grandes objetivos: Integração dos Estudantes e Avaliação Diagnóstica. Neste artigo vamos nos ater ao primeiro objetivo: Integração dos Estudantes.
As crianças e jovens, ficam muito apreensivos no retorno das aulas, pois há um sem número de situações que terão que enfrentar, é um misto de expectativas boas e ao mesmo tempo um medo do desconhecido, afinal são novos Professores, novos amigos, nova escola, como serão recebidos? Será que vão gostar? Inquietações estas que o Professor deve estar atento na volta às aulas.
Por isso, nem pense em já ir entrando na sala de aula enchendo o quadro de tarefas, pedindo trabalhos, marcando provas, cobrando isso, cobrando aquilo, enfim, você já será visto como o "chato da hora".
Lembre-se, as crianças e jovens, precisam inicialmente de um certo espaço para se expressarem, interagirem, conhecerem o "novo território", conhecer você, os novos amigos, a nova escola. Afinal, eles ficaram praticamente quase dois meses de férias, fazendo um sem número de coisas e agora querem compartilhar, precisam disso. Então use esta necessidade de compartilhar ao seu favor, aproveitando para fazer com que todos possam se conhecer melhor e já criar laços de amizade.
Aqui vão algumas dicas simples, separadas por estágios:

- Ensino Infantil:
Crianças pequenas choram no primeiro dia de aula, porém o período de adaptação pode durar até uma semana. A mãe fica apreensiva e quer entrar junto, ou muitas vezes acaba levando a criança embora no dia seguinte a criança chora para não ir para a escola e a mãe ceda não levando. Isso faz com que a criança demore muito mais a se ambientar. Para evitar que esse período se alongue além do necessário, é preciso que o Professor e os funcionários de Apoio estejam devidamente orientados a entreter as crianças com muito jogos e brincadeiras coletivas, afinal nenhuma criança resiste a hora de brincar. Caso a mãe entre na sala de aula no primeiro dia, deixe-a instruída a incentivar a criança a brincar com os coleguinhas, jamais deixá-la todo o tempo no colo, pois isso a impede de interagir mais livremente com os novos amigos e com os brinquedos, e levar a criança para a escola TODOS os dias.

- Ensino Fundamental:
Tanto no Fundamental I quanto no Fundamental II as crianças e jovens esperam que os amigos venham chamá-la para brincar ou conversar. Os mais "descolados" tomam a iniciativa até porque já conhecem quase todo mundo, porém aqueles estudantes que vieram de outras escolas sentem-se deslocados, apreensivos e inseguros de abordar esse monte de "estranhos". Ao Professor cabe a tarefa de criar várias atividades, sempre coletivas, em forma de gincanas, desafios, jogos, brincadeiras, para "quebrar o gelo" do grupo.
Outro modo muito eficaz é selecionar dois estudantes, para serem os guias desses novos alunos dentro do ambiente escolar, ficando assim incumbidos de mostrar onde é cantina, os banheiros, o laboratório, enfim todas as dependências da escola, além de ajudar a enturmá-lo no grupo. Assim, cada dois estudantes veteranos ficam incumbidos de aluno novo durante um dia, depois faz-se o revezamento passando esse estudante novo, para outra dupla de veteranos, até que os alunos novos tenham ficado com todos os veteranos.

- Ensino Médio:
Já no Ensino Médio os estudantes nesta fase precisam passar a mensagem de "força moral" e "independência". Para o grupo então aqui será preciso que o Professor use de sensibilidade e sutileza para integrar os estudantes novos, pois há uma grande resistência em não permitir "gente estranha" no grupo. Para quebrar esse "iceberg", levante em um bate papo ou crie uma atividade em forma de brincadeira, onde cada um tenha que falar das coisas que mais gostam de fazer, assim você terá muitas informações rapidamente para criar um projeto coletivo onde todos tenham que participar e apresentar antes da aula terminar. Exemplo: Criar uma música, fazer uma imitação, criar um traje engraçado, fazer uma performance em grupo. Você, também, pode utilizar a estratégia citada acima de usar os estudantes veteranos como guias para ajudar a enturmar os novatos.

- Educação de Jovens e Adultos - EJA:
O público de EJA, tem suas peculiaridade, pois já é um público adulto, que trabalha, muitos já são casados, tem filhos, família para alimentar e contas para pagar, geralmente reservam o período noturno para estudar, pois trabalham durante o dia. Assim, a abordagem de interação precisa levar isso em conta. Por isso, investigue em um bate papo ou por meio de uma atividade de "quebra gelo", para que esses estudantes falem mais sobre sua história, seus sonhos, e suas dificuldades enfrentadas no dia a dia. Desse modo, todos acabam se "vendo" nas histórias do outros e isso possibilita a criação de um elo de camaradagem, amizade e cumplicidade.
Outra estratégia é, o grupo criar um portfólio sobre os sonhos e projetos de vida que almejam alcançar, e juntos discutirem como isso pode ser atingido (A aplicação do Projeto Professor Diretor de Turma em todos os níveis de educação, na perspectiva de construir a Biografia dos estudantes com suas respectivas metas, caso não as tenham incentive-os a fazer). Ao realizar esta atividade todos começam a se sentir participantes do sonho do colega e isso os une bastante, pois acabam compartilhando ao longo do ano todas as vitórias e derrotas.
Todos esses cuidados e esse olhar sensível no momento de planejar atividades de integração, mostra aos estudantes o tipo de Professor que você é. E isso é também um exercício para que você também seja integrado ao grupo. Como os estudantes verão o Professor durante todo o ano e, talvez, durante toda a vida, vai depender muito do tipo de abordagem que você terá nessas primeiras semanas de aula.