quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A Direção de Turma no Centro da Colaboração entre a Escola e a Família

Armanda Martins Zenhas
(Universidade do Minho – Braga)


Resumo:
Ao aumento da importância atribuída à educação e à formação das crianças e dos jovens, está associada a consciência crescente do papel que a colaboração escola-família desempenha no seu sucesso educativo. No entanto, a reduzida participação da família na vida escolar é um problema com que a escola se debate. O DT encontra-se numa posição privilegiada para estabelecer uma relação de colaboração com as famílias, visando o sucesso acadêmico e educativo de cada aluno. Com este estudo pretendemos estudar em profundidade o projeto de inovação de uma diretora de turma relativamente aos encarregados de educação e aos alunos e a dinâmica de colaboração entre as famílias dos alunos e a escola, desenvolvida a nível da turma, ao longo de um ano letivo. Adotamos o modelo de estudo de caso qualitativo, centrado na compreensão dos processos utilizados pela DT na relação com as famílias e na resposta aos problemas identificados, para aprofundar o estudo dos significados que todos os atores (DT, EEs, alunos e professores da turma) deram aos acontecimentos e aos processos ocorridos, no que se refere à colaboração entre a escola e a família, e para ligar esses significados com o contexto social em que esses atores estavam inseridos. A informação referente ao trabalho desenvolvido pela DT e às suas concepções foi recolhida através de observação direta; entrevistas à DT, a alunos, a professores e a EEs; diário da DT; inquéritos aos alunos da turma e aos seus EEs; e outros documentos. A grelha de análise utilizada foi constituída por categorias construídas a priori, com base num quadro teórico de referência - modelo ecológico do desenvolvimento humano (Bronfenbrenner, 1987), tipologia de colaboração escola-família-comunidade (Epstein, 1997a) e teoria da sobreposição das esferas de influência (Sanders & Epstein, 1998) -, às quais se acrescentaram outras categorias criadas a posteriori, com base na análise dos dados e em teorias auxiliares.
Entre as conclusões do nosso estudo, salienta-se a necessidade de o DT promover atividades frequentes e diversificadas de colaboração com a família, de forma a dar resposta às necessidades de todas as famílias. Destaca-se o papel primordial da qualidade da comunicação e das relações interpessoais entre o DT e os EEs. As reuniões podem constituir espaços importantes de debate entre todos os intervenientes no processo educativo, em que o DT e os EEs (e, eventualmente, os alunos e os professores) podem confrontar expectativas, definir objetivos e estratégias e articular esforços, cabendo, ao DT, o papel de coordenador de todo o processo. A frequência e a qualidade da comunicação estabelecida nas reuniões e noutras oportunidades de interação presencial escola-família são determinantes para o desenvolvimento de confiança, sem a qual não pode haver uma colaboração eficaz. Os dados obtidos sugerem que a direção de turma pode constituir um espaço a partir do qual se pode delinear estratégias que permitam assegurar a cooperação entre a família e a escola, contribuindo para melhorar os conhecimentos (...) Salienta-se ainda o papel do aluno na relação escola-família, em que, de forma consciente ou inconsciente, toma parte ativa, contribuindo para o facilitar ou dificultar, conforme os seus afetos e as suas percepções acerca dos resultados que daí podem advir, abrindo novo campo de intervenção ao DT. 

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